Ronaldo Fraga (Belo Horizonte, 27 de outubro de 1967) é um estilista, cenógrafo e autor Brasileiro, proprietário das marcas Ronaldo Fraga e Ronaldo Fraga Para Filhotes.
É formado em design de moda pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-graduado pela Parsons School of Design de Nova York, além de ter cursado matérias isoladas na Central Saint Martins de Londres.[1]
Suas criações já foram apresentadas em diferentes países, como Japão, Holanda, Espanha, Uruguay ,Bélgica, Chile, Argentina, México, Angola. Em 2014, representou o Brasil na maior feira de couro do mundo, a Lineapelle,[2] apresentando o processo de pesquisa e desenvolvimento da coleção Carne Seca, inverno 2014.
Foi selecionado pelo Design Museum de Londres como um dos sete estilistas mais inovadores do mundo para a exposição Designs of the Year 2014,[3] da qual também participaram Miuccia Prada, Rick Owens e Raf Simons.[4]
No teatro, trabalhou com o diretor Felipe Vidal, criando os figurinos dos espetáculos Louise Valentina e Depois da Queda, de Arthur Miller. Também desenvolveu os cenários e figurinos da peça Fonchito e a Lua, adaptação teatral do livro do escritor peruano Mario Vargas Llosa, com dramaturgia de Pedro Brício e direção de Daniel Herz.
Na área da dança, assinou figurinos de produções como Santagustin, do Grupo Corpo; Por Parte do Pai, de Nathália Marçal, em homenagem à obra de Bartolomeu Campos de Queirós; e Passanoite, da São Paulo Companhia de Dança.
É autor do livro Moda, Roupa e Tempo: Drummond selecionado e ilustrado por Ronaldo Fraga e Caderno de Roupas, Memórias e Croquis.[5] Ilustrou vários livros, como Mary Poppins, publicado no Brasil pela Cosac Naify, e Uma festa de cores: memórias de um tecido brasileiro, da editora Autêntica, escrito por Anna Göbel e premiado como melhor livro infantil de 2014.[6]
Sua marca está licenciada em mais de mil diferentes produtos no Brasil para empresas como O Boticário, Tok&Stok, Malwee, L’Occitane e Chilli Beans, entre outras.[7] É citado como um dos poucos designers a desenvolver projetos e ações que buscam reduzir a distância que existe entre o “Brasil feito à mão” do Brasil industrial.
Foi o primeiro representante da moda brasileira a receber a medalha da Ordem do Mérito Cultural,[8] em 2007, concedida pelo ministro da cultura Gilberto Gil. A comenda se destina a personalidades que dão corpo à cultura brasileira por de seu trabalho.[9] Em 2009, recebeu a Medalha da Inconfidência pelo governo de Minas Gerais.[carece de fontes]
Em seus desfiles, privilegia histórias ligadas à identidade cultural brasileira, bem como personalidades nacionais de destaque. Em 1997, a vida e obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário serviu de inspiração para a coleção Em Nome do Bispo. Em 2001, o engajamento político e a biografia da estilista Zuzu Angel, assassinada pela ditadura militar, foi o ponto de partida do desfile Quem Matou Zuzu Angel? Os escritores Guimarães Rosa, Mário de Andradepeoerlos Drummond de Andrade, os artistas plásticos Athos Bulcão e Cândido Portinari, os cantores Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa e Nara Leão estão entre os nomes de brasileiros lembrados em coleções do estilista.
Quanto às diferentes localidades do regiões do país Ronaldo Fraga mostra ter especial interesse no Brasil profundo. O desfile Costela de Adão, de 2003, foi inspirado no cotidiano do Vale do Jequitinhonha e nas artesãs que moldam as bonecas de barro, que são criações típicas e fonte de renda da região. Em 2008, apresentou a coleção Rio São, inspirado no Rio São Francisco, um local sobre o qual ouvira falar constantemente, graças a seu pai. Em 2010, voltou ao tema, dessa vez com uma exposição Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga, que percorreu diferentes capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Belo Horizonte. Na cidade mineira, em dois meses, a exibição atraiu mais de 40 mil visitantes, entre os quais, pelo menos 18 mil alunos da rede pública de ensino.
A Amazônia foi parte da inspiração do desfile Turista Aprendiz na Terra do Grão-Pará, de 2012, dedicado ao Estado do Pará, e o semi-árido foi lembrado na coleção Carne Seca, de 2013. “Foi Fraga quem aproximou o público da estilista Zuzu Angel, do pintor Athos Bulcão, das festas e dos poetas populares do Brasil. Num meio repleto de referências a culturas e estilos distantes, como é o da moda brasileira, isso é muita coisa.”[10]